segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

[Sobre o Universo] Uma vez mordido, duas vezes tímido e o nascimento de "Irreversível" (Vol. 1)

 


Eu começo essa postagem perguntando quem aqui é do tempo do Cinema em Casa, no SBT ou da Sessão da Tarde, na Rede Globo.


A dama teimosa aqui cresceu com ambos os programas e foi no Cinema em Casa, lá no ano de 2001, em seis de abril, data que eu só descobri pesquisando na internet porque não lembrava, exceto que eu era bem mocinha (eu ia fazer treze anos no dia 20 de abril de 2001), quando, pela primeira e única vez, pelo menos até o ano passado, assisti Procura-se um rapaz virgem (1985), um dos muitos “clássicos nostálgicos” da década de oitenta.


Eu chamo de “clássicos nostálgicos” porque assim como esse filme que menciono, alguns desses filmes que passavam nessas sessões não são exatamente o que eu chamaria de um filme impecável. Uma boa parte deles envelheceu mal, ou muito mal, e outros assistimos hoje e ficamos impressionados com a quantidade de furos de roteiro ou incoerências e até mesmo aquela dose de politicamente incorreto que hoje deixa muita gente p da vida. Se eu não contar os efeitos especiais, as maquiagens, a cenografia e um sem número de aspectos técnicos que avançaram muito nas últimas décadas.


O caso de Procura-se um rapaz virgem, ou Once Bitten, o título original, originado de um ditado em inglês: Once bitten, twice shy., é um desses filmes que, assistindo hoje, é fácil perceber os furos de roteiro e as incoerências. Em especial a nenhuma preocupação dos roteiristas em explicar pelo menos um pouco do universo vampiresco dentro do filme. Porque a única explicação é mais uma paródia do que propriamente um aspecto coerente. Até porque nem na mitologia original isso existia. Caso estejam se perguntando, esse ponto foi criação da literatura e foi exaustivamente usado por décadas nos filmes.


Sim, teimosos, é um filme de vampiros. Mais precisamente de uma vampira, a Condessa (Lauren Hutton), que precisa beber pelo menos três vezes o sangue de um rapaz virgem de modo a se manter jovem e bela e nesse ínterim ela conta com a ajuda de um grupo de vampiros menos importantes, cinco homens e duas mulheres, na tentativa de evitar um desastre. Nesse meio tempo, ela encontra Mark Kendall (Jim Carrey, em seu primeiro protagonista), que pode ser a solução de seus problemas, mas a namorada dele, Robin (Karen Kopkins), pode colocar tudo a perder com sua esperteza.


Eu menciono os vampiros menos importantes porque aí reside uma das maiores incoerências, se não a maior incoerência, do filme: se ela precisa de sangue virgem masculino nesse caso, porque tem duas mulheres no grupo? Das duas uma: ou ela pode apelar para sangue feminino ou elas caíram de paraquedas ali por mordida de algum deles. Mas ninguém faz questão de explicar. Sem contar que o fato do Mark e da Robin terem conseguido escapar, quando em teoria isso seria impossível, é uma forçada de barra belíssima, mas como é uma comédia, é relevável, por assim dizer. 


Até porque como todo, ou pelo menos a maioria, o filme americano dos anos oitenta e noventa que se preze, o Mal não vence mesmo se a solução narrativa tiver de ser a mais forçada possível.
Depois de todo esse comentário, sem dúvida serei questionada sobre isso: Procura-se um rapaz virgem é um bom filme? Dentro da proposta dele, acaba sendo, mas nem tanto. Até porque o humor do filme é bem datado e alguns pontos hoje fazem as pessoas ficarem com a melhor cara de: por favor, sem essa! Não é impecável, mas ele cumpre a promessa de entreter e satirizar a temática vampírica, já que esse era o objetivo principal desde o princípio porque o fato de ser uma comédia já implica que não é para ser levado a sério.


Mas a imaginação de um autor dificilmente não leva a sério alguma coisa.
Mesmo que seja para criar algo em cima.


Inspirado na recente tendência de alguns filmes catástrofe e terror de focarem mais no lado de quem é afetado pela situação do que na situação por si mesma. Citando os exemplos de Halloween (2018), que apesar do mesmo nome, é a sequência direta do clássico de 1978 ignorando totalmente a franquia, e o recente Destruição Final: O Último Refúgio (2021).


Assim, nasceu mais uma história do nicho dos Vampiros Portenhos Além do Prata, com o título de Irreversível.
Porque eu autora me perguntei como quatro pessoas, três rapazes e uma moça do High School (o equivalente americano do Ensino Médio), lidariam com o fato de terem sobrevivido a uma horda de vampiros, considerando que tudo o que eles mais amavam podia estar em perigo e eles tendo de lidar com o fato de terem sido tapeados por meros humanos.
Porque eu autora dei um nome e uma história para cada um dos vampiros menos importantes, que no livro ganham uma backstory, motivações, paixões, personalidade, segredos, problemas, amores, família. Tudo o que um bom personagem precisa para que a história ande e venha a ser como é. Porque nenhuma história realmente se sustenta sem eles. Sejam os principais ou secundários.
Porque eu autora…
Transformei Mark Kendall em Patrick Wilder, um estudante sonhador que no futuro quer ser engenheiro robótico, mas sabe que esse é um sonho difícil. Fiz Robin Kierce virar Cassandra Rossellini, uma ítalo-americana de sangue quente que não pensa duas vezes em comprar briga pelo que considera certo e defender as pessoas que ama mesmo que se machuque no processo. Já Jim e Russ se tornaram James Parker, um garoto indígena com o sonho de ser químico e Riley Padilla, um rapaz latino amante de biologia que sempre está ao lado do irmão de criação Jim. Esses quatro, por centenas de páginas, se verão enfrentando muitos obstáculos.
Transfigurei a Condessa na Baronesa Juliette Meinster, uma vampira de passado traumático e difícil que tão apenas quer continuar viva e proteger seus discípulos das decisões ruins que teve de tomar em nome de ser livre. E Sebastian tornou-se Orlando, uma pessoa não-binária que, não importa o que, sempre está ao lado de sua melhor amiga, praticamente irmã e por ela é capaz de enfrentar um exército inteiro sem armas.
Criei sete vampiros muito diferentes entre si, mas que se complementam de uma forma única.
Um ex-soldado confederado, John Hooligan, que perdeu a família de forma trágica e busca vingança contra o responsável. Há nele algo meio Red Dead Redemption e dos faroestes clássicos.
Molly Winters, a mais velha do grupo de vampiros após sua mãe de criação, a Baronesa e Orlando, que na sua primeira infância nunca recebeu afeto ou carinho por ter nascido em uma cela de prisão.
Um piloto Ás da Primeira Guerra, Henry Dermitt, abatido por ninguém menos que o próprio Barão Vermelho. Que tenta manter a sanidade no meio de um mundo tão caótico enquanto mostra sua gratidão e lealdade à Juliette mesmo algumas vezes se valendo de meios questionáveis.
Dois gêmeos idênticos, Vermont e Villeneuve Durand, criados sem pai no circo por uma mãe artista e que luziram como artistas vaudeville no final do século dezenove. Mas a tuberculose decidiu fazer morada em um deles e a decisão tomada por ambos lhes mudou a vida para sempre.
Joseph Lillard, um ex-grumete irlandês do começo do século dezenove que carrega consigo toda a amargura de uma vivência repleta de abusos psicológicos e violência enquanto vivia nos inóspitos navios mercantes, de guerra ou piratas mar afora. Faz o arquétipo do personagem sombrio que não demonstra qualquer sentimento, mas… Tem uma forte inspiração no protagonista do anime Gun Sword, Van.
Elvira Piper, a mais nova do grupo, uma hippie que foi encontrada no famoso Festival de Woodstock e no grupo entrou porque a Esclerose Lateral Amiotrófica iria matá-la dentro de alguns anos. Ela é quem sempre está buscando conhecimento e tenta compreender o funcionamento do sistema vampírico de modo a ajudar a Baronesa Juliette a não depender de sangue virgem para manter seus poderes estáveis.
Sim, aqui a virgindade do sangue totalmente é mágica e sobrenatural e por isso esse sangue é tão cobiçado pelas bruxas das trevas. O caso de Juliette, entretanto, é bem diferente, mas ainda estou criando a situação.
Nessa minha nova história, também, introduzimos um novo tipo de seres: os Aspers (a pronúncia é éspers). Que basicamente são os mutantes do meu universo, exceto que não são nascidos com alterações genéticas, mas com a capacidade de usar a Energia Gaia, aqui conceituada como a própria força vinda da Mãe Terra. A qual poucos tem a real capacidade de usar e mesmo os usuários precisam ter cuidado ou se arriscam a morrer se usarem os poderes de forma imprudente.
No meio de toda essa confusão, Cassandra, a minha mais nova protagonista, vai descobrir mais de si mesma do que nunca pensou e segredos que ela jamais pensou que quem ela menos espera guardava. Patrick, disposto a sempre estar ao lado da garota que ama, vai testemunhar o melhor e o pior da humanidade e ver suas crenças e princípios sendo brutalmente desafiados. James e Riley, como leais amigos que são do casal, também estarão dispostos a ficar do lado deles e junto com eles suportar todas as adversidades que o destino vai fazer o favor de colocar no caminho deles.
Por fim, por mais datado que esse filme seja, ele acabou sendo responsável por ser o embrião de um projeto pelo qual estou apaixonada e que eu espero que apreciem conforme eu for mostrando.
Lady Trotsky encerra a transmissão aqui, agora. 

PS: Uma ideia dos personagens...









Sobre Renata Cezimbra

Brasileira e gaúcha com os dois pés e muita imaginação na região do Prata, pois é lá que começa o universo dos Vampiros Portenhos. Onde convergem os vórtices das mais férteis referências de uma dama teimosa, que aprecia pitadas de cultura pop, referências underground e coisas do arco da velha.

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11 comentários:

  1. Oi Renata!!

    Eu atmbém adorava os filmes da sessão da tarde, cresci vendo muitos deles e concordo contigo que muitos deles envelheram bem mal mas eu ainda gosto de assistir só pra passar o tempo e relembrar bons momentos, são filmes bem despretenciosos e bem bacanas de ver!
    Adorei teu questionamento e já tô curiosa pra saber como que isso vai se desenrolar! Adorei o post!

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  2. Olá
    Sou do tempo desses programas de TV sim e posso dizer que adorava. E sobre sua postagem, gostei muito de compreender alguns dos elementos aos quais você explorou. Sinto que há muito mais a ser questionado enfim. Adorei seu texto e a ideia dos personagens.
    Beijos, Fê
    Modoliterario.blogspot.com

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  3. Oi Renata!!

    Menina SIM! Eu sou desse tempo também kkkkkkk os filmes que mais me impactaram essa época foram A Bolha Assassina e O Monstro do Armário que muito tempo depois vim descobrir que a menina que ele carrega no final do filme é a Fergie do Black Eyed Peas kkkkk Desse filme que você está tratando eu não me recordo, mas, achei interessante a como você usou dele como inspiração para você!!

    Beijos!
    Eita Já Li

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  4. Oi Renata!

    Eu sou da geração do Cinema em Casa e Sessão da Tarde, especialmente quando passava filmes de suspense, terror e fantasia. Ainda bem que hoje em dia temos várias formas para assistir filmes que tanto amamos. Mas vou ser bem sincera, não recordo nada deste filme que você apresentou no post. Achei as informações interessantes que você deixou e vi que no Prime Vídeo tem ele para assistir, depois vou lá conferir.

    Bjos
    https://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com/

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  5. Eu sou da época de Cinema em Casa e ainda sou mais velha que você porque em 2001 eu já era adultona... pagando boletos!!!
    Adorei relembrar aqui esse "clássico".
    Beijos

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  6. hehehehehe também sou do cinema em casa, bons tempos, eu acho.... Procura-se um rapaz virgem é do ano em que nasci, nem lembrava mais da existência dele, realmente, nostálgico. Eu concordo com você que alguns desses filmes envelheceram muito mal em termos de ideia, etc., mas também é o esperado do mero entretenimento.Gostei, me identifiquei com seu texto.

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  7. Oi Renata!
    Acompanho você a algum tempo e adoro suas histórias. Esse filme é um clássico assisti e agora lendo sua resenha percebi o quanto podemos diferenciar as produções de antes e de agora. Parabéns pela sua avaliação adorei e seus personagens são fabulosos, bjs!

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  8. Oi, Renata!
    Adorei saber da onde você tirou a ideia para essas histórias. Quem diria que um filme dos anos 80, que eu particularmente nunca tinha ouvido falar, traria essa inspiração.
    Por não ser a maior fã de filmes de comédia, não sei se eu iria gostar muito, rsrs.
    Bjss

    http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/2021/02/resenha-limonov.html

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  9. Olá, tudo bem? Sucesso para esse novo projeto. Adorei saber de onde retirou as ideias, de onde as coisas surgiram e em que foi inspirada. Eu sou da época de Cinema em Casa do SBT, mas vou admitir que não assisti tantos filmes quanto gostaria (e ai quando acaba a gente fica pensando em porque não assistiu mais títulos hehehe). Espero que seja frutífera essa nova empreitada, e já curiosa para acompanhar.
    Beijos

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  10. Oi gente, tudo bem?
    Acreditem em mim quando digo que estou MUITO apaixonada por esse projeto. Mas confesso que quanto mais eu escrevo, mais o negócio aumenta porque as ideias não param de vir e os personagens cada vez mais estão adquirindo vida própria e tomando o controle da história, me relegando a mera contadora, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
    Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky...
    http://wwww.osvampirosportenhos.com.br

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  11. Olá, tudo bem?

    Esse filme não me estranho, já devo ter assistido, mas não me recordo ao certo se de fato assisti. Tem muitos filmes bons da década de 80 e assisti vários na SBT e Globo, tempo bom esse..nessa época eu tinha 16 anos!

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